CASE HOTEL URBANO
HOTEL URBANO - FUNDADORES REASSUMEM O CONTROLE
Em dezembro de 2010, os irmãos José Eduardo e João Ricardo Mendes fundaram o Hotel Urbano com o propósito de reduzir a ociosidade dos hotéis e pousadas por meio da venda de pacotes de hospedagem mais baratos em épocas de baixa temporada. Desde a fundação do Hotel Urbano, a empresa recebeu o aporte de diferentes fundos de investimento: além do Insight Ventures – que posteriormente se tornou o pivô de um conflito societário com os fundadores – os fundos americanos Accel Partners (um dos primeiros investidores do Facebook), Tiger Global (sócio da varejista online Netshoes) e Priceline (dono da maior empresa de turismo online do mundo, o Booking) também adquiriram participação na empresa. Ao todo, foram quatro rodadas de investimento na empresa até 2014, época em que, apesar dos sucessivos investimentos dos fundos, o controle ainda pertencia aos irmãos José Eduardo e João Ricardo Mendes. Em julho de 2015, o fundo Priceline pagou USD 60 milhões por cerca de 10% da empresa. Essa transação resultou na redução da participação dos irmãos para 40%, além de aumentar o valuation da empresa para cerca de R$ 2 bilhões. Em razão de divergência quanto às futuras estratégias da empresa, o fundo de investimento americano Insight Ventures decidiu exercer seu direito contratual de comprar o controle do Hotel Urbano, que, segundo o acordo de acionistas, poderia ser exercido pelo fundo a qualquer momento. Vale ressaltar que para que o Insight assumisse o controle do Hotel Urbano, seria preciso associar-se ao fundo Tiger. Em conjunto, Tiger, Priceline e Insight detinham mais de 50% do capital votante da empresa.
Assim, por conta de uma cláusula no acordo de acionistas, em novembro de 2015, os irmãos foram obrigados a vender 5% de sua participação ao Insight. O preço pago pelas ações, cerca de R$ 100 milhões, fez com que o Hotel Urbano fosse avaliado em mais do que os R$ 2 bilhões de valuation obtidos na última rodada. Diante disso, ao final de 2015, os irmãos foram retirados da administração da empresa, permanecendo somente como conselheiros de administração em decorrência da venda do controle ao Insight. Até seu afastamento, os irmãos geriam de perto a empresa, passando a maior parte de seu dia na sede do Hotel Urbano. Especula-se que os irmãos foram, até mesmo, proibidos de entrar na sede da empresa.
Com a transação, o Insight passou a deter 41% de participação societária, contra os 35% detidos pelos irmãos. Como consequência das mudanças, a presidência da companhia foi passada de João Mendes ao italiano Maurizio de Franciscis. A ideia do fundo Insight foi criar um time de executivos experientes buscando uma expansão internacional, crescimento sustentável e eventualmente uma oferta pública inicial na bolsa de valores (IPO). O fato dos irmãos ainda possuírem 35% das ações da companhia foi o que provavelmente os manteve em suas posições no conselho de administração. No entanto, logo após a tomada do controle pelo fundo Insight, os negócios da companhia começaram a ruir. Durante os 10 meses de gestão pelo fundo, funcionários da “velha guarda” foram demitidos, a base de hotéis parceiros da companhia caiu de 10 mil para apenas 2 mil, o índice de conversão de compras caiu 75% e o faturamento que havia sido de R$ 550 milhões em 2015, caiu cerca de 70% em 2016. Frente a este cenário desastroso, os irmãos Mendes e a Insight, além da Tiger e Priceline, chegaram a um acordo no final do ano de 2016. Os fundadores, associados a um terceiro investidor, recompraram o controle e reassumiram as operações do Hotel Urbano. Em troca, comprometeram-se a pagar aos fundos investidores um terço do valor obtido em um futuro evento de liquidez.